Depois de conhecer o programa do Nar-Anon admito minha impotência perante o adicto e percebo o que posso fazer: posso ouvir com mais tolerância, posso observar mais a mim mesma, posso deixar claro ao meu familiar adicto os limites de meu território não facilitando à ação da doença, posso cuidar de mim vendo o que já consigo fazer por mim, posso voltar a me amar, a me conhecer, a me agradar, a sorrir novamente, posso reescrever minha história quantas vezes eu quiser, posso agradecer a Deus pela minha vida, pelas provas passadas e por essa programação, ainda que eu não consiga praticar tudo que ela me diz. Posso também ouvir minhas músicas favoritas, praticar um hobby com o qual eu me identifique, amar meu familiar adicto e não a sua doença. Com serenidade posso ouvir a sua doença falando comigo e com ele, discernir se sua fala é verdadeira, posso dizer não sem culpa, ser menos vulnerável às crises e ao impacto da doença, posso estar com ele, mas não viver a vida dele. Posso não fazer nada, controlar a mim mesma em vez de controlá-lo, ouvir os meu próprios barulhos em vez dos dele.

Enfim, com essa programação pude delimitar minha vida no contexto da adicção e perceber que tenho opções múltiplas, que não seja a paralisação total diante da adicção e da minha real impotência em relação ao meu familiar adicto amado. Posso ser feliz e serena e posso recair também! Obrigada por essa irmandade acolhedora. Obrigada à minha gente que me ouve sem julgamentos. Só por hoje